domingo, 30 de janeiro de 2011

Engodo



Me empolgo em nostalgia
Não rimo a dor
Não viro o que sou.

Mas desse concerto
Pequeno de hipocrisia
Faço minha senda
Em alameda
Que somente
Me desenha.
Que não me deixa pregar.
Fortaleza faz-se meu enigma.
Mistério e sorte
Verdade não me basta

Engendro magia no acaso
Passo de franqueza
À poesia insincera
Num salto mortal
Que precisa
Ser coberto
E natural.
Descubro o sentido
E jogo fora
Quantos foram
Que sonhei?
Muitos e feios.
Não há sonho.
Somente devaneios

sábado, 29 de janeiro de 2011

Sóbrios

Entrar em contato
Com esse pensar.
Esse penar pesado,
Voar passado.
Troco apressado,
O vigor intocado,
Pelo presente no ato.


Copio o mundo
Na minha vista.
De pleno e simplista,
Sentimento de só andar
E nada procurar.
Apenas mudo
Ao que passar

Sou disforme
Volto, conforme
Plano nesse âmago
Douto engano
De viajar em olhos
Lindos e sóbrios
Plano vem
Estragar o ninguém
Que sou eu.


Livre

Vivo um sonho
Mas não é a vida devaneio?
Não é caro o tempo
Tempo pelo esteio
Certo vetor enraizado

Morto em gotas
Vivo em moldes
Pequenas porções de liberdade
Vivo só como nunca

Estrela no firmamento
Pertenço sim à memória
Lindo sentimento
De ficar só
E estar unido
Quando só, somente
Pertencer a outrem
E a mais alguém 



93011166, Martin Puddy /Stone

Monte de risos


Cada vez percebo
Que não devo perecer
Pelo o que lhe pertencer

De certa forma sou
De outras tantas não
Mas como me devo
Banhar nesse lago?
Se não leio a vida
Como um erudito

Nada posso carregar
Pois a cada segundo
Morro
Viro monte e rio.
Rio do destino
Que se apresentar.
Meu fino romance
Com beleza impessoal
Não me traz vivencia
Mas me silencia
Diante de um sonho
Que custa acabar

Correr no rio

Volto como quem corre,
Mas descanso
Enquanto ando.
Não tenho pressa
Sede eu tenho de porre.

Volto ao mundo agora.
Nunca me fugi dele,
Nem em meus delírios.
Nem em paradoxos.

Como é belo andar
E não correr na vida,
Já corro tanto.
Agora me atiro no mar
Com o ultimo tiro.
Com espanto.
Morro sabiá.

Acabo de acordar.
Não sei de nada.
Não tenho medo.
Vou me meter na mata
Correr no rio
Mas sem correr
Só andar.
Já corro tanto.

Pensar aqui
Sozinho
Sendo colibri
Movendo montanhas
Ausência,
Não sentindo
Parte de mim.
Mas o todo.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Menino

Não perco a visão
De um todo.
Nos olhos do não,
De tudo que sou:
A eterna transição.

Pudor extinto,
Predito de novo,
Menino caído
Que não tem socorro,
Só é isso:
Menino caído.

Chorar não tem sentido.
Abjeto e tátil.
Cumpre sua função:
Nunca.

O coração sente hoje.
Mentira.
Como sentir,
Se isso significa olhar
Pra si?

Sentir é descontínuo
Não permite nada
Não lhe tira vida,
Mas, não permite nascer.
Vida sem morte
Não é belo
É apenas sapê.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Epifania

Agora não deixo de voar
Não coloco ponto
Em frase inarrável
Somos ao mesmo tempo
Demônio, fogo e deus
Beleza, triste poetisa

Quero tudo que tem medo
De me pertencer.
O fácil, o hábil impuro
O inato à natureza,
O metafísico aro,
Do mar que me cerca
Habitando no meu vazio
Rechiando minha solidão
Formando miscelânea. 
Tirando beleza formada
No meio de epifanias

Quero todo mundo
De forma intensa.
Correio puro.
Todos podem me oferecer tudo.
Quero amar o ninguém e
Desejar todos.
Amo a beleza no que vem.
Sou de todos e de ninguém
.

Louco louco

Andar pelo mundo
Como um sonho louco
aprisionar em mim o todo
falo pouco
mas nunca deixo de ser

Mas o pouco que somos é muito
Perto desse mundo
Que nos enche
De unidade e correnteza 

2+2=8

Como dois e dois são oito
Tenho certeza do futuro
Não ter certeza por inteiro
Pesco no ar a beleza de cada dia
Deixo a loucura senil
Me tomar assim
Indo a mil
Voando parado no meu canto
Sendo assim gentil
Com algo que,
É meu, entretanto
Tantas vezes não me foi.


A cada instante nascer  
Sem querer nada
Mas, tendo tudo
Em mente
Sempre.
A poesia me encerra.
Do meu instinto
De acordar
E resolver ser Davi.
Todo o mundo quer e procura
Sem saber q a beleza reside
Em descobrir sem querer

Devir

Amigo mesmo não tenho
Sou sozinho
De senso.
Vulnerável e passarinho
Isento de desejo
Em plena queda,
Ainda não a vejo.
Já não há nada
O que enxergar.
Coisa que não tenho
É onde morar.
Simplicidade de pensamento
Foi só que me restou
Livre no caminho.
Com a passada do vento
Morreu também meu ninho
Minha ultima pena voou
Porque a tristeza
Vem sempre nesse vento
Que me traz, intenso,
O que ficou.
E o que
ainda vai ficar
Fico sozinho.
Morro sozinho.
Eu passar por “inho”

Existe?

Volto a ti
Como quem não consegue
Desfazer-se de um passado
Que segue

Pereço de saudade
Que não existe.
Como posso sofrer dores
Que dizeis?

Morrer de morte
Que não existe?
Sofrer de sorte?
Sorte não é feliz pra mim
Beijo a flor
Que é só o que sei
Completo-me com elas
Coisa que nunca fiz comigo

Só um sonho

O sonho que tive
Não foi sonho
Foi devir

O pequeno presente
É presente e não futuro.
Eu juro
Que sou gente
E sou insensivel

Sou pequeno
E desprezível
Não amo ninguém
Sou a sorte