domingo, 26 de junho de 2011

Passo não dado

Arte vem do sim
Vem em si
Conviver contigo
Afirmar o falso
Magnificar o passo
Que ainda não dei.

Sei, ao mesmo tempo
Não.
Neguei o não
Para tentar
Fazer.
Mas só consegui
O triste.
Será isso bom?
E quem disse não?
Abraçar a dor
Tomar ela nos braços
Fazer dela filha
E mata-la.
Numa fugaz
Experiência
De uma vida inteira

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Copio mudo


Abraçar o mundo
Me dizes
E te digo:
Carrego-o.
Contemplo vivaz
Coisas que nunca mais,
Serão minhas de novo.

Ato-me ao mundo
Vivo cada si
Como um dó sujo
Com dó de mim
Completo em si
A arte vulgar.

Mas a musica é tão bela,
Tão puro violino,
Que me calo.
Menino do meu senhor.
Imagem perdida,
Num pleno crivar
De olhos
Em algo intocável.

sábado, 4 de junho de 2011

Milton

Tudo que há pra ser
Nesses tambores.
Onde não há sonhos,
Mas dores.

Nessa vivenda,
Conter e saber,
É mais que vida
Pois no final,
Cada infinito
É sempre contido
E inseguro.
Precisa-se de força.
Essa que canta
E não para
De emocionar.
Precisa-se dele.

De poros
Do criar,
Fez-se inventar
Tal força.

Como há de ser
Tão natural?
Virar a alma,
Encrustar
Nesse convívio,
Ponte divina
Entre o belo
E o nada mais.

Esse bonito,
Gesto seguro
Onde tudo é certo.
Mais ainda
Quando o vento
Cantar.
Murmurando vozes,
Cerrando tempo
Enchendo o morrer
De beleza e som.
Não há que se temer
Sempre criará,
Sempre milton.