Arte vem do sim
Vem em si
Conviver contigo
Afirmar o falso
Magnificar o passo
Que ainda não dei.
Sei, ao mesmo tempo
Não.
Neguei o não
Para tentar
Fazer.
Mas só consegui
O triste.
Será isso bom?
E quem disse não?
Abraçar a dor
Tomar ela nos braços
Fazer dela filha
E mata-la.
Numa fugaz
Experiência
De uma vida inteira
Abraçar o mundo
Me dizes
E te digo:
Carrego-o.
Contemplo vivaz
Coisas que nunca mais,
Serão minhas de novo.
Ato-me ao mundo
Vivo cada si
Como um dó sujo
Com dó de mim
Completo em si
A arte vulgar.
Mas a musica é tão bela,
Tão puro violino,
Que me calo.
Menino do meu senhor.
Imagem perdida,
Num pleno crivar
De olhos
Em algo intocável.
Tudo que há pra ser
Nesses tambores.
Onde não há sonhos,
Mas dores.
Nessa vivenda,
Conter e saber,
É mais que vida
Pois no final,
Cada infinito
É sempre contido
E inseguro.
Precisa-se de força.
Essa que canta
E não para
De emocionar.
Precisa-se dele.
Do criar,
Fez-se inventar
Tal força.
Como há de ser
Tão natural?
Virar a alma,
Encrustar
Nesse convívio,
Ponte divina
Entre o belo
E o nada mais.
Esse bonito,
Gesto seguro
Onde tudo é certo.
Mais ainda
Quando o vento
Cantar.
Murmurando vozes,
Cerrando tempo
Enchendo o morrer
De beleza e som.
Não há que se temer
Sempre criará,
Sempre milton.